O Rei Perverso
- Chouse
- 5 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de ago. de 2021
Autor: Holly Black
Esta edição: 20|20 Topseller, 2021
Língua: Português.
ISBN: 9789895644438

O Rei Perverso é o segundo volume da saga O Povo do Ar, de Holly Black, com Jude Duarte como protagonista e narradora. A organização deste livro é igual à primeira, tem uma divisão em dois livros e uma subdivisão em capítulos.
A narrativa começa cinco meses depois de Jude ter enganado Cardan e o ter tornado rei. Ou melhor, de se ter tornado rei num acordo em que Cardan tinha de respeitar e seguir as suas ordens. Jude tem de manter uma fachada para o reino de faerie, equilibrando Cardan, a Corte das Sombras, todas as pequenas cortes, inimigos e os seus problemas familiares.
Cardan tenta contrair Jude, tornando Locke num mestre de festins, mas os seus sentimentos predominantes por Jude influenciam-no a proteger Taryn, a pedido de Jude, a ignorar as mentiras e omissões desta e a salvá-la. Para além de seguir a tentativa de Jude em manter o poder e controlo sobre Elfhame e sobre si mesma, em relação a quem confia, ao rei e sobre o seu corpo e vulnerabilidades mortais, Jude ainda tem de proteger o reino das maquinações da rainha Orlaugh, Nicasia e Balekin de tornar o reino do mar e da terra um único reino sob o domínio da primeira.
Jude acaba por perder tudo no fim deste livro, perde o controlo sobre Cardan, depois de aceitar casar com ele, sendo exilada por matar Balekin, enquanto Cardan ergue uma nova ilha num demonstrar o poder da terra que vem com a sua posição real.
Este livro é regido por ação que acaba por cobrir os problemas que ainda persistem na vertente show, don’t tell. No entanto, preferi este livro ao primeiro, agarrou-me a atenção, principalmente na segunda parte, e estava mais interessada na relação amor-ódio de Jude e Cardan. Black ainda precisa de aperfeiçoar a sua subtileza e pistas na escrita, mas conseguiu-me deixar intrigada e a tentar perceber quem a iria trair Jude, depois dos avisos explícitos de Nicasia. Na verdade, o desenvolvimento das personagens foi melhor realizado neste volume. Jude, embora seja bastante versada na arte de combate, tem muitas falhas, como discernimento em quem confiar (tendo sido traída por quase todas as pessoas no seu círculo) e falta de estratégia, sendo claramente ultrapassada por Cardan e Madoc. Mas como o prólogo foreshadows : «É mais fácil conquistar o opoder do que mantê-lo.»
Cardan foi uma boa supresa. Nota-se que gosta de Jude, ao deixar a Corte da Térmitas ser atacada para ter Jude de volta (depois de ter sido raptada por Orlaugh durante um mês), e, claro, existe a alusão de ambos terem tido relações sexuais, embora, depois do exílio, me pergunte se o exílio foi planeado e Cardan é um melhor estratega do que esperaríamos ou se o exílio foi uma reação a Jude ter morto Balekin e se sentir traído, dado que Cardan se preza por não ser um assassino; cruel, mas não assassino.
Os meus problemas com a escrita acabam por ser os mesmos. Embora exista uma melhoria no desenvolvimento das personagens e das relações, a intrigas de corte são primárias e as relações são secundárias. No entanto, como estão intimamente ligadas, como a traição de Cardan, de Madoc, Fantasma e Taryn, o não desenvolvimento acaba por prejudicar a narrativa primária e o que o leitor sente ao ler. Não sentimos a dor e a sede de vingança de Jude na sua maior parte, com a exceção, fraca, de trama relacionada com Cardan.
O final acaba por ser mais chocante e menos previsível do que O Príncipe Cruel, embora possa deixar de o ser quando sabemos o nome do terceiro volume da trilogia (The Queen of Nothing). Este livro ainda não foi publicado em Portugal, mas definitivamente tenho curiosidade para saber como esta trilogia irá acabar e se há melhorias no desenvolvimento da narrativa.
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