Um Guia Prático para ser um Bibliófilo

Parte 1: Organização

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Um dos meus grandes problemas como uma bibliófila assumida é: como organizar a minha biblioteca. E o problema só parece aumentar com o inevitável crescimento da minha coleção. Como é que deveria organizá-la? Quantos sistemas de organização é que existem de facto?

A coleção está atualmente organizada (devido à falta de espaço no meu pequeno quarto) alfabeticamente pelo último nome do autor; é bastante acessível, tenho de admitir. Se eu estiver à procura do «Frankenstein» de Mary Shelley, vou imediatamente à prateleira número quatro e lá está ele. Perfeitamente aninhado entre Swift e Shakespeare. Mas e se eu quiser localizar um livro por género? Como irei eu encontrar um romance de Verne (ficção científica) entre as centenas de livros que são românticos, de fantasia, criminal e autobiografias? Ou se eu estiver a tentar encontrar livros que eu possua de uma determinada editora? E quererei eu uma estante esteticamente agradável? Quantas opções existem para começar?

Opção 1: Alfabeticamente por autor

Como eu disse, a minha biblioteca possui um problema de espaço. Um grande problema num espaço pequeno. Estou a utilizar quatro prateleiras... duas vezes. Tenho, num «literalmente» não-irónico, duas filas de livros para cada prateleira. Embora me confunda quando chega a altura de saber qual é o género literário que existe em cada prateleira, é o melhor método organizacional que encontrei para o espaço limitado. Até agora, pelo menos.

Este método tem alguns pontos positivos:

- Os livros que pertencem a uma mesma coleção, ou autor, permanecem juntos (o que não acontece com outros sistemas);

- Só tens de seguir o alfabeto. E é isso! Simples! Queres um livro de Oscar Wilde ou Nicolas Sparks? Segue só essas prateleiras até à secção "W" ou "S";

- É um dos sistemas mais intuitivos. Provavelmente devido ao facto de a aprendizagem do alfabeto ser realizada desde os seis anos e tornar-se algo que todos sabemos. Também é um dos sistemas que se utiliza nas livrarias.

No entanto:

- Não é um sistema esteticamente apelativo. Os livros variam em cores e em tamanhos e ter uma mistura de cores e tamanhos pode tornar uma estante confusa e sobrecarregada.

Opção 2: Por tamanho

Outra forma de organizar os livros é através do tamanho. Além de ordenar por cor, dificilmente existe uma maneira mais esteticamente agradável do que ver os livros organizados por tamanho. Parece que a nossa prateleira se tornou num oceano com maravilhosas ondulações de histórias prontas para serem lidas.

Mas este é um ponto bom. Se vermos por outro ponto de vista:

-Pode separar livros do mesmo autor e de uma mesma coleção, dado que é possível existir diferentes impressões do mesmo livro ou diferentes impressões dentro de uma coleção;

Opção 3: Por cor

Este é um dos meus favoritos para ver no bookstagram. É tão apelador! As mudanças subtis de cor quando os teus olhos passam pelas capas… Lembra-me, às vezes, do filtro do Snapchat do unicórnio (sim, um unicórnio vomitou na minha estante e não tenho problemas com isso!).

No entanto, não importando o quanto bonito me possa parecer, dificulta a minha vida. A vida de alguém que gosta de encontrar facilmente coleções e autores que tenham livros com cores diferentes. O pesadelo que seria encontrar a «Saga do Tigre» da Colleen Houck.

Opção 4: Por editora

Vou admitir, nunca ouvira falar deste método até ter começado inglês na faculdade e o meu professor o ter referido. Fiquei curiosa. Quero dizer, a maioria das editoras têm uma identidade visual predefinida para os seus autores. E também têm um tamanho predefinido para os livros (A não ser que sejam a Bloomsbury e tenham uma identidade visual e um tamanho diferente para cada impressão e edição existente da coleção do Harry Potter.). Assim, iria manter os livros do mesmo autor juntos (nalguns casos, como a «Herança» de Paolini, em Portugal, pode não acontecer.). E se quisermos uma estante apelativa ao olho, não existe um gradiente de cor ou de tamanho. E como seria a distribuição? Alfabeticamente ou de outra forma?

Opção 5: Data de aquisição

Esta é uma forma que utilizo para os meus videojogos. Confesso que são muito menos que os meus livros, mas existe algo em tê-los organizados desde o primeiro ao último que recebi que me deixa nostálgica. Lembro-me de cada momento da minha vida em que os comprei ou recebi e suponho que com os meus livros, se tivesse uma coleção menos extensa, teria o mesmo tipo de sentimento. É como visitar visualmente memórias.

No entanto, apresenta os mesmos problemas de não ser nem esteticamente bonita nem manter coleções ou autores juntos. Com videojogos não existe o problema de tamanho, tendo em conta que todas as capas, para cada consola, possuem os mesmos tamanhos.

Opção 6: O sistema de Dewey

Este sistema é o sistema que as bibliotecas utilizam atualmente, na maioria, pelo menos. É um sistema complexo baseado em géneros, subgéneros e funciona através de um código. Por exemplo, o número 800 é Literatura e 810 é Literatura Francesa e assim adiante.

No entanto, e embora seja incrivelmente detalhado e minucioso, não permite uma estante estética e é limitado para uma biblioteca pessoal limitada, ou seja, funciona melhor para uma coleção maior. É, por outro lado, um sistema que permite ser alterado ao gosto pessoal. Se não estivermos interessados por literatura francesa, podemos alterar por outro tipo de literatura. Ou podemos alterar o código: 800 pode ser religião invés de literatura.

Opção 7: Combinação

Com as opções que mostrei (e de certeza que existem mais [posso acrescentar se quiserem]) é possível combiná-las. Por exemplo, podiam organizar por editora e alfabeticamente por autor ou por cor e por tamanho. Ou podem mudar o aspeto da estante de vez em quando e fazer uma rotação de vários sistemas.

O importante é: existe um método de organização para cada bibliófilo e no final do dia é cada pessoa que sabe qual é o melhor sistema para si. Não existe, no entanto, um maior prazer para os bibliófilos do que retirar e reorganizar os livros que possuem.